O chazan Benzion Moskovits nasceu em 03/02/1907 em Leordina, na época Hungria e hoje Romênia. Desde criança frequentava a academia rabínica (Yeshiva) de Bratislavia, sendo o solista preferido do rabino Viznitzher. Benzion estreou como cantor litúrgico (chazan) no Ano Novo Judaico e no Dia do Perdão (Yom Kipur) realizados na sinagoga de Kosice em 1923. Como outros cantores, Moscovitz trabalhava ainda como mohel; fazendo circuncisões nos filhos da comunidade.
Em 1931, Benzion Moscovitz casou com F. Heinovitz, morando ambos em Bratislâvia. Ele, sua esposa e filhos fugiram dos nazistas em 1938. O rabino Viznitzher o aconselhou a procurar uma profissão no exterior, como chazan da Grã Bretanha. Enquanto solicitava uma vaga no Reino Unido, ele morava numa casa de família judia em Antuérpia na Bélgica.
Certo dia de 1938, Moskovits descobriu um anúncio de jornal em que se abria uma vaga para chazán na sinagoga de Amsterdã. Ele se postulou competindo com outros 78 candidatos. Chegou até a fase final, ficando poucos candidatos à vaga. Moskovitz portava consigo uma carta de recomendação de um rabino muito conhecido de Bratislava, o bisneto do famoso rabino Chatam Sôfer. Viajou até Amsterdã poucos dias antes da competição, para ensaiar com o coral, tocando algumas das partituras da “Chazanut” holandesa.
Sem aguardar o resultado da competição de Amsterdã, Banzion Moskovitz retornou a Antuérpia para embarcar rumo ao Reino Unido. Grande foi sua surpresa quando um amigo o encontrou na estação de trem e lhe perguntou que estava fazendo ali, pois tinha vencido o concurso de cantores litúrgicos, sendo nomeado chazán de uma sinagoga em Amsterdã. Imediatamente, ele retornou a Holanda, convertendo-se em 1939 no principal cantor da “Congregação Benei Teiman”, denominada carinhosamente “Lekstraat Shul”.
Em 1940 os nazistas invadiram os Países Baixos, e dois anos depois, em 1942, Moskovitz foi deportado a Westerbok, um campo de trânsito holandês. Para 1944, ele já estava em Buchenwald. Moskovits cantava para seus companheiros prisioneiros com notas achadas em um caderno musical contrabandeado. Também comandou as orações de Roh Hashaná e Yom Kipur em Buchenwald. Obrigado a cantar para os nazistas, foi sua voz quem lhe salvou a vida.
Em 1945 Moskovitz foi enviado ao campo de Theresienstadt, participando de uma das tantas marchas da morte. Ele sobreviveu ao Holocausto, mas seus pulmões estavam danificados pelo trabalho forçado desempenhado em minas de asbesto. Segundo um depoimento do próprio cantor, sua voz estava fortemente deteriorada, e chegando a Amsterdã teria afirmado: “Isto acontece quando não escutas teu rabino!”, uma clara alusão àquele conselho do rabino Viznitzher de procurar um trabalho no Reino Unido.
Encerrada a Segunda Guerra, Moskovits retomou seu lugar na sinagoga Lekstraat Shul, trabalhando também como desenhador e gravador de joias. Com o passar do tempo, abriu sua joalharia em Amsterdã. Sua doença piorou, pegando câncer de pulmão.
Seu último serviço religioso aconteceu no 7º dia da Páscoa judaica de 1968. Moskovits faleceu em 18/09/1968, poucos dias antes de Rosh Hashaná. Foi enterrado temporariamente em Muiderberg e depois em Israel.