Bisneta do Imperador Dom Pedro II exterminada no “Programa de Eutanásia” nazista

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, diversas monarquias da Europa entraram em colapso. Os impérios alemão e austro-húngaro, por exemplo, estavam entre eles. Desta forma, alguns membros destas realezas fugiram, instalando-se comodamente no exílio, enquanto outros decidiram permanecer em seu país natal. Os primeiros, mal sabiam eles que sofreriam horrores com as mazelas do Terceiro Reich. Um desses casos compreende a saga da família real brasileira, cuja princesa Maria Carolina de Saxe-Coburgo e Gotha; bisneta de D. Pedro II e Dona Teresa Cristina, será a protagonista de um dos episódios mais trágicos da Segunda Guerra Mundial.

Genealogia da Casa Imperial                                                                               

Todos estudamos alguma vez que o imperador D. Pedro II e sua esposa a Imperatriz Dona Teresa Cristina tiveram quatro filhos: Isabel, Dom Afonso, Leopoldina e Pedro Afonso. No entanto, poucos lembram que três de seus quatro filhos tiveram uma triste morte, ainda antes do falecimento do monarca em 1891.

Dom Afonso (1845-1847) foi apresentado aos súditos na frente do palácio real. Era muito parecido fisicamente com D. Pedro II, sendo nomeado Príncipe sucessor do segundo monarca do Brasil. Tudo corria bem para a família imperial, até o dia 11 de junho de 1847, data em que Dom Afonso, de apenas 2 anos, foi encontrado morto. Enquanto se divertia na biblioteca do palácio, o menino teve fortes convulsões, que o levaram a morte. Na época, o acontecimento abalou a realeza e um grande funeral foi feito em homenagem ao pequeno.

Leopoldina (1847-1871) era a terceira filha de D. Pedro II. Inteligente e muito culta, a princesa teve uma educação rígida, tornando-se especialista em áreas como a álgebra, astronomia, filosofia, mineralogia, botânica e música. Mesmo falecendo jovem, aos 23 anos, ela casou-se com D. Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gotha; gerando uma descendência de quatro filhos. Depois do nascimento de seu último filho, Luís Gastão, a aristocrata e o marido decidiram mudar-se para a Europa, o que a levou abdicar ao título de Princesa Brasileira. Em 1871, Leopoldina contraiu febre tifoide, que a levou a morte.

O último dos filhos de D. Pedro II foi Pedro Afonso (1848-1850). A notícia da chegada de um novo herdeiro homem se espalhou pela corte trazendo alegria e esperança para os brasileiros da época, que comemoraram o nascimento dessa criança com fogos e tiros. Tudo parecia encontrar deu caminho, até 1849, quando D. Pedro II foi visitar a Fazenda Imperial de Santa Cruz, propriedade da família. Durante esta viagem, Pedro Afonso contraiu uma forte febre, teve convulsões como seu irmão Dom Afonso, falecendo repentinamente.

O imperador ficou devastado e dois dias depois ordenou um grande funeral em homenagem à criança. A morte prematura do herdeiro ao trono abalou o casal imperial e acredita-se que este tenha sido o real motivo pelo qual nunca mais tiveram filhos.

A dinastia Saxe-Coburgo

A Princesa Dona Leopoldina de Bragança, (filha mais nova de D. Pedro II), ao casar-se em 1864 com Dom Luiz Augusto, inaugurou a linha da dinastia Saxe-Coburgo Gotha-Koháry. O casal teve 4 filhos (ver genealogia acima), sendo que os dois mais velhos, Pedro Augusto e Augusto Leopoldo, foram ambos nomeados príncipes de nacionalidade brasileira.

Pedro Augusto não teve descendentes, repassando o direito ao trono do Brasil aos descendentes de seu irmão Augusto Leopoldo.

Ainda jovem, D. Augusto Leopoldo se exilou em Viena, casando-se em 1894 com a arquiduquesa Carolina Maria da Áustria-Toscana, neta do Grão Duque Leopoldo II da Toscana. Desta união nasceram 8 filhos ampliando a dinastia dos Saxe-Coburgo.

A princesa Maria Carolina Filomena de Saxe-Coburgo e Gotha, foi a terceira filha de príncipe brasileiro Dom Augusto Leopoldo (1867-1922) e da arquiduquesa Carolina Maria da Áustria-Toscana (1869-1945). Como lembramos, D. Augusto Leopoldo e sua mulher, tiveram um total de oito filhos: Augusto (1895-1909), Clementina (1897-1975), Maria Carolina (1899-1941), Rainer (1900-1945), Filipe (1901-1985), Teresa Cristina (1902-1990), Leopoldina (1905-1978) e Ernesto (1907-1978).

Maria Carolina nasceu na cidade costeira de Pula (atualmente Croácia), em 10 de janeiro de 1899; sendo registrada como “princesa brasileira no exílio”. Seu pai, Dom Augusto Leopoldo era filho do príncipe Dom Luiz Augusto e da princesa Leopoldina, portanto, ela era bisneta de D. Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina (ver acima o gráfico com a genealogia).

D. Augusto Leopoldo, “o Príncipe Marinheiro”, jamais se acostumou a viver na Europa por sentir muitas saudades do Brasil. Entretanto, era impedido de voltar às terras tupiniquins devido à “Lei do Banimento”; que proibia que os descendentes de D. Pedro II retornassem ao país.

Com ajuda do “Memorial às Vítimas do Holocausto” do Rio de Janeiro, Peter Fisch, um funcionário aposentado da Comissão Europeia e membro do Conselho paroquial de São Agostinho, aponta que “até o ano 1918, Dom Augusto Leopoldo alimentava certa esperança em reinstalar a monarquia no Brasil e voltar para a nação com sua família. Ao mesmo tempo, parece muito provável que ele tenha se estabelecido na Áustria, pois ali pode se beneficiar do apoio financeiro e político da linha católica dos Saxe-Coburgo-Koháry, que tinha sua sede no impressionante Palais Coburg, em Viena”.

Fisch afirma com segurança que a vida dos oito filhos de D. Augusto Leopoldo está mal documentada devido ao fato de que, após 1918, a família perdeu a maior parte de sua “relevância” para a atenção do público.

Um fato curioso sobre a princesa Maria Carolina é que nasceu com uma deficiência intelectual e padecia de poliomielite. Fisch diz não haver informações precisas se essa condição é decorrente de alguma questão genética, (visto que seus pais eram parentes), ou se é devido a alguma grave doença contraída durante sua infância. Sabe-se, porém, que tal deficiência foi fundamental para a princesa ter uma morte horrível nas mãos dos nazistas.

Maria Carolina – A princesa doente

Maria Carolina viveu parte de sua vida no Castelo Gerasdorf, nos arredores de Viena, mas tudo mudou aos seus 19 anos, quando o império Austro-Húngaro ruiu.  Ainda em 1918 sua família mudou-se de Pula para Schladming, cidade no centro dos Alpes austríacos, onde a condição de Maria Carolina piorava à medida que envelhecia. Em 1920 Schladming não passava de uma monótona vila mineira, bem distante de qualquer lugar.

O cenário se tornou ainda mais complicado para Maria Carolina após a morte de seu pai, D. Augusto Leopoldo, em 1922. Na época, a princesa tinha 23 anos de idade, e a perda relativamente precoce do pai, causou um impacto negativo em sua situação médica.

Embora psicologicamente a situação da família imperial brasileira fosse um tanto deprimente, pelo menos financeiramente ela parecia estar bem resolvida. Seus membros viviam na ‘Alta Coburgo’, a zona em que se localiza hoje a prefeitura de Schladming.

Até seus 39 anos, em 1938, Maria Carolina viveu sob os cuidados da mãe. Mas após a Áustria ser anexada pela Alemanha nazista, as duas tiveram que se mudar para Budapeste. Devido à idade avançada de sua mãe, com 70 anos, a princesa teve que ser deixada sob cuidados especiais. Assim, sua família decidiu mandá-la para o “Sanatório Estadual de Salzburg”. Este centro médico administrado por freiras estava situado na cidade de Mozart, era especializado no tratamento de pacientes com doenças neurológicas.

Importante ressaltar, porém, que o diretor médico do sanatório era o Dr. Leo Wolfer, reconhecido doutor da época; enquanto seu filho, o Dr. Heinrich Wolfer, era o chefe da ala masculina e da divisão de doenças hereditárias. Heinrich era ainda membro das SS (Schutzstaffel = tropas de choque) e, segundo um colega de faculdade, um defensor incondicional das políticas eugênicas nazistas.

Heinrich Wolfer realizava pesquisas em asilos e lares de idosos em Salzburg para identificar aqueles pacientes com deficiências físicas e mentais graves, doentes que pudessem ser esterilizadas, com a finalidade de “prevenir” a transmissão de doenças hereditárias.

Não temos certeza se Heinrich Wolfer esteve realmente envolvido no tratamento ministrado a princesa Maria Carolina. Mas é óbvio que o médico era um profundo conhecedor das políticas eugênicas do Reich.

Programa “Aktion T4”

Entre a primavera e o verão de 1939, os nazistas colocaram em prática o “Programa de Eugenia”. Proveniente de uma palavra grega que significa “bom de nascença”, o termo “eugenia” refere-se a uma área da ciência genética baseada na crença de que a espécie humana pode ser melhorada encorajando apenas pessoas ou grupos com características “desejáveis” a se reproduzirem, enquanto desencoraja ou até mesmo impede a reprodução entre pessoas com qualidades “indesejáveis”.

Para o regime nazista, o objetivo declarado da eugenia era melhorar a condição humana combatendo doenças, deficiências e outras características indesejáveis ​​existentes na sociedade humana. Até hoje, o “Programa de Eugenia” é considerado o primeiro programa de extermínio em massa, projeto que antecedeu o Holocausto do povo judeu.

Aktion T4 foi um programa de eutanásia que durou dois anos. Segundo Robert W. Proctor, “ele permitia que médicos alemães fossem autorizados a selecionar seus pacientes, basicamente aqueles considerados incuráveis, e, após exame médico criterioso, administrar a eles uma morte misericordiosa”.

Para Silvia Lerner, a esterilização era o procedimento mais recorrente do Aktion T4. Segundo a historiadora “estima-se que entre 1933-1944, cerca de 400 mil pessoas foram esterilizadas à força na Alemanha nazista”. É importante ainda lembrar que o Aktion T4, supostamente autorizado para ‘reduzir’ o número de pacientes em clínicas psiquiátricas, foi realizado de forma sistemática em todo o território do Reich (incluindo Áustria). Sabemos que o sistema funcionou de forma eficaz, não apenas por causa de nazistas convictos como o Dr. Heinrich Wolfer, mas também devido à colaboração de cidadãos tidos como ‘normais’.

Quando se iniciou o programa de eugenia na Áustria anexada, foram selecionados centenas de pacientes com problemas psiquiátricos e trasladados até o campo de Hartheim. Nas proximidades estava situado o famoso Castelo de Hartheim, um dos locais mais utilizados pelos nazistas para exterminar negros, ciganos, pessoas com idade avançada, deficientes físicos e mentais.

Em 21 de maio de 1941, o centro para deficientes foi invadido por soldados alemães e austríacos. Maria Carolina foi uma das 86 pacientes transferidas para o Hospital Niedernhart e, em 6 de junho de 1941, foi levada para o complexo de Hartheim.

O “Castelo de Hartheim”

Em 1941, aos 42 anos, a neta do imperador D. Pedro II, Maria Carolina, foi conduzida de Salzburg para Niedernhart, onde provavelmente ficou por um ou dois dias. Niedernhart serviu como uma espécie de posto intermediário para pacientes, antes de serem transferidos ao “Castelo de Hartheim”.

Não existem registros que descrevam aquilo que realmente aconteceu com Marie Carolina no “Castelo de Hartheim”, mas o procedimento do extermínio foi relatado com luxo de detalhes. Vejamos o teor do documento:

“Em algumas ocasiões os pacientes sabiam que seriam mortos, e, por essa razão, eles entravam em pânico. Quando isto acontecia, os médicos nazistas usavam a violência para colocarem os pacientes nos chamados ‘ônibus da morte’. Alguns pacientes eram transportados de trem até a cidade vizinha de Linz, antes de serem levados a Hartheim”.

O documento explica com clareza o traslado dos pacientes e o que acontecia ao chegar ao Castelo de Hartheim:

“Homens e mulheres eram transportados separadamente. Ao chegar em Hartheim, os pacientes eram recebidos e orientados a se despirem. Em seguida, eram medidos, pesados e submetidos a um exame físico. Tudo isso, para dar a falsa sensação de que seriam cuidados no hospital. Nessa espécie de triagem o médico marcava as pessoas que tinham valiosos dentes de ouro, para serem extraídos após a morte. As pessoas eram numeradas e fotografadas para demostrar a inferioridade física por razões científicas, defendidas pelos terríveis médicos”.

Encerrada a etapa dos exames médicos e avaliações físicas, chegava o momento de desfazer-se por completo dos pacientes com deficiências:

“Após sair da sala de exames, os pacientes, ainda nus, eram levados às câmaras de gás que estavam disfarçadas para parecerem chuveiros. Depois de acomodarem todos os pacientes, a equipe fechava a porta de aço e certificava-se se tudo estava hermeticamente fechado. Em seguida, a válvula do botijão de gás comprimido era aberta liberando um gás letal na câmara”.

A pergunta que não quer calar é a seguinte: Quantos pacientes foram assassinados pelos nazistas no Castelo de Hartheim?

“O número de pacientes que era morto diariamente varia. Um membro da equipe do hospital relatou que certa vez 150 pessoas foram gaseadas ao mesmo tempo.  A câmara de gás estava tão cheia que as pessoas nela mal podiam cair […]. Após cerca de cinco minutos, os pacientes estavam inconscientes e cerca de 10 minutos estavam todos mortos. A equipe esperava uma ou até duas horas antes de ventilar a câmara”.

Depois de gasear os pacientes, que destino teriam aqueles corpos depositados na câmara de gás? Seria possível enterrar todas essas pessoas, sacrificadas em prol de uma ideologia sustentada na pureza racial?

“Os médicos então declaravam a morte e os corpos eram removidos. As vítimas eram empilhadas na chamada ‘sala da morte’. Os chamados ‘foguistas’ colocavam os corpos num palete de metal que eram empurrados para uma grelha de barro no forno crematório. Após a cremação as cinzas eram jogadas no rio Danúbio ou eram enterradas na parte leste dos jardins do castelo”.

Homenagens a Maria Carolina

A princesa Maria Carolina morreu em uma câmara de gás logo no seu primeiro dia em Hartheim. Além dela, estima-se que umas 18.000 pessoas com deficiências físicas ou intelectuais foram assassinadas em Niedernhart e Hartheim entre maio de 1940 e agosto de 1941.

Uma placa em recordação da princesa Maria Carolina foi colocada no mausoléu da Igreja São Agostinho em Coburgo, lembrando que ela foi morta na câmara de gás.

Não existem restos mortais do seu corpo, pois naquela época os corpos das vítimas exterminadas eram cremados e suas cinzas jogadas no rio Danúbio.

O Castelo de Hartheim foi transformado em memorial e museu. Ele fornece uma rica documentação histórica. Em Hartheim, os nomes dos pacientes assassinados estão escritos em grandes paredes. Duas fotografias tiradas por Peter Fisch em 2019, fazem clara referência a Maria Carolina Saxe-Coburgo Gotha.

Cartas de condolências

Quando Maria Carolina morreu, sua mãe ainda era viva. À época, a arquiduquesa Carolina Maria da Áustria-Toscana recebeu uma breve carta do governo alemão informando que a princesa havia morrido de “causas naturais”.

No entanto, as chamadas ‘cartas de condolências’, enviadas aos familiares das pessoas mortas nestes locais, jamais continham explicações verdadeiras sobre a real causa das mortes. Geralmente, as respostas eram pouco convincentes, vagas e genéricas.

Além disso, esperava-se que um instituto enviasse o corpo de volta aos familiares, mas como os restos mortais eram cremados, – como uma forma de esconder as evidências das barbáries -, os familiares eram informados que os corpos tiveram tal fim para seguir uma exigência legal de combate a epidemias. Uma urna com cinzas podia ser solicitada, mas estas obviamente nunca continham as reais cinzas do falecido.

De acordo com dados e estimativas, cerca de 200.000 pessoas foram mortas entre 1939 e 1945 como resultado do “Programa de Eutanásia” do regime nazista. “Se olharmos para a forma como esses crimes foram encarados pela sociedade alemã desde 1945, é surpreendente que até o final dos anos 1960 nenhuma reflexão tenha ocorrido, e mesmo durante os últimos 60 anos, o interesse pelo assunto é limitado”, aponta Peter Fisch.

Mas, quais os motivos para o assunto ter interesse limitado? Peter Fisch acredita haver algumas explicações para isso:

  1. As atrocidades perpetradas pelos nazistas com os judeus na Europa durante o Holocausto (assassinato de 6 milhões de pessoas), ofuscaram os crimes da eutanásia.
  2. Possivelmente, as vítimas dos crimes de eutanásia eram tratadas como uma espécie de “ninguém”, seres humanos desprezíveis que viviam em asilos, lares e clínicas, a maioria pobres, por vezes esquecidas até pelas próprias famílias.
  3. É impressionante, mas na maioria dos casos, as famílias das vítimas sequer preservavam fotografias para lembrá-las.

Tomando em consideração os três argumentos acima, se alguém perguntar sobre Maria Carolina em Coburgo, uma cidade de 50.000 habitantes; talvez encontremos 200-250 pessoas que sabem algo acerca dela.

Enfim, Peter Fisch compartilha uma carta pela qual um representante do irmão de Maria Carolina, pede à Igreja paroquial de São Agostinho para cuidar de seu funeral. O que causa certa perplexidade ou até curiosidade é que o documento foi assinado com a saudação nazista “Heil Hitler”.

 “Stolpersteine” em memória de Maria Carolina

Além de uma homenagem no mausoléu da Igreja de São Agostinho, a memória da bisneta de D. Pedro II e D. Teresa Cristina também foi preservada pelo “Memorial às Vítimas do Holocausto” do Rio de Janeiro, que iniciou suas atividades em 2023.

Em 12 de novembro 2021, uma “stolpersteine” (pedra de tropeço) em homenagem à princesa Maria Carolina de Saxe-Coburgo foi instalada diante da antiga moradia de sua família em Schladming, pequena cidade da Estíria, na Áustria. Na “pedra de tropeço” da princesa brasileira Maria Carolina está gravada a data do extermínio 06/06/1941 e a inscrição “Aktion T4”.

A sigla T4 refere-se ao endereço da suposta “Fundação de Caridade para Cuidados Institucionais”, localizada no número 4 da rua Tiergartenstrasse, em Berlim. Um dos principais funcionários da “Fundação” era o Dr. Karl Brandt (1904-1948), médico pessoal de Adolf Hitler.

O projeto “stolpersteine” foi iniciado em 1992 pelo artista e escultor alemão Gunter Demnig. Ele tem como objetivo lembrar algumas das vítimas do Holocausto. Para Demnig: “Uma pessoa só é esquecida quando seu nome é esquecido”.

Até maio 2023 mais de 100.000 “pedras de tropeço” foram instaladas em 26 países, incluindo Alemanha, Holanda, Bélgica, Itália, Áustria, Polônia e Argentina. Somente na Alemanha elas ultrapassam 7.000 pedras. O custo de cada placa de recordação, incluindo produção e instalação, é de aproximadamente 132 euros.

Essas “pedras de tropeço” são placas de bronze esculpidas à mão, montadas sobre cubos de concreto. Geralmente, essas placas de 10 centímetros são colocadas nas calçadas em frente ao último endereço conhecido da vítima.

Para o historiador Pedro Felipe Muñoz, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, “a Aktion T4 mais conhecida como eutanásia nazista, é um eufemismo para designar a política de extermínio em massa de pessoas com doenças mentais, que antecedeu a chamada solução final”.

Referências bibliográficas

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Lerner, Silvia Rosa Nossek, A lei, a ciência e a medicina nazista. Morasha No. 114, abril 2022 https://www.morasha.com.br/holocausto/a-lei-a-ciencia-e-a-medicina-nazista.html

Previdelli, Fábio, Maria Karoline: A bisneta de D. Pedro II que foi morta em uma câmara de gás nazista. Aventuras na História. Entrevista. Publicada em 06/02/2023. https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/reportagem/maria-karoline-princesa-bisneta-de-d-pedro-ii-morta-em-uma-camara-de-gas-nazista.phtml

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