Henrique Garces, aliás Baruch Sênior: O avô de Spinoza nas “Terras de Idolatria”

Dias atrás assistia atentamente ao vídeo de uma palestra ministrada em junho 2015 pelo Prof. Yosef Kaplan, em que explicava as etapas do processo inquisitorial do cristão novo espanhol Cristóbal Mendez. Nela mencionava um fenômeno pouco lembrado na história dos conversos que fugiam das garras da Inquisição rumo às comunidades judaicas. Diz Kaplan:

“É sabido que um número considerável de cristãos novos, já integrados às comunidades judaicas da Europa, atuava no comercio internacional, atividade que os obrigava a viajar com certa frequência por negócios. A liderança comunitária pedia insistentemente para que eles ficassem como judeus observantes nas kehilot (Amsterdã, Londres, Veneza, Livorno); mas estes contrariavam a seus líderes, saindo e voltando por curtos, meios e longos espaços de tempo na Espanha e Portugal, seus países de origem”.

Quem era Henrique Garces?

Neste contexto é fundamental lembrar o caso do avô materno de Baruch Spinoza de nome Henrique Garces. Nascido no Porto em 1568, ele teria casado e já em 1605 vivia em Amsterdã. Durante anos, estritamente por motivos comerciais, fazia o percurso de ida e volta à região sul dos Países Baixos, nas proximidades de Antwerpen. Finalmente, Henrique morre em 1619 e a família decide enterrá-lo no cemitério judaico “Beth Haim” de Ouderkerk.

Porém, ao fazerem os preparativos de Henrique para sepultá-lo, perceberam que não havia sido circuncidado. Assim, foi feito algo que não era nada comum nem convencional naqueles dias nas comunidades: realizaram a circuncisão no corpo do defunto. No “Pinkas Beth Haim” (Registro Funerário do Cemitério Beth Haim) ficou registrado que lhe foi feita uma circuncisão post-mortem, recebendo ainda o nome de Baruch Sênior.

Esta é a história de Baruch Sênior, avô de Baruch Spinoza, que em homenagem e ele recebeu o nome Baruch (Benedictus). Foi sepultado em Ouderkerk na pior parte do cemitério, nos jazigos destinados a pessoas pouco honradas, como mulatos, bastardos (mamzerim) e “ashquenazim pobres”, grupo de judeus que na época entravam nesta categoria.

Tudo indica que o jovem Baruch Spinoza teria visitado algumas vezes o túmulo de seu avô em Ouderkerk. Além dele, sua mãe Hanna Débora (morta em 1638), irmãos e irmãs estavam ali enterrados. O Prof. Kaplan menciona também um fato inusitado: A avó materna de Baruch Spinoza, uma cristã nova de nome Maria Nunes Garces; havia solicitado à comunidade para ser enterrada junto a seu marido. Os membros do Maamad concordaram, mas eles se negaram a registrar seu pedido por escrito. Ela faleceu, mas não foi enterrada ao lado de seu esposo como prometido.

No enterro de Maria Nunes Graces teriam participado várias pessoas e dentre seus familiares mais próximos estava Michael (Miguel) Spinoza, o pai de Baruch Spinoza. Sua primeira esposa era Rachel de Espinosa, mas depois casou com Hanna Deborah d’Espinosa (mãe de Baruch), e finalmente pela terceira vez, após ter falecido sua segunda mulher.

É possível que no enterro de Maria Nunes, estivesse presente o pequeno Baruch Spinoza. Na ocasião seu pai Michael teria doado ao cemitério “Beth Haim” uma quantia de dinheiro bastante considerável, afinal tornou-se um renomado e bem-sucedido empresário, além de ser um dos diretores da sinagoga.

Nesta época, aproximadamente entre 1638-1640, o pequeno Baruch já se revelava como uma criança excepcional, um talento intelectual, um verdadeiro gênio que estudava sozinho as várias fontes judaicas. Certamente, uma pergunta básica deve haver-se formulado Baruch: Como é possível que toda minha família esteja enterrada em lugares normais do cemitério e meu avô, (que em sua memória me foi outorgado o nome), esteja sepultado na pior parte do cemitério? Acreditamos que ele mesmo tenha descoberto a verdadeira história de seu avô Baruch Sênior.

Somos o “Povo Eleito”?

No “Tratado Teológico Político”, parte III, Baruch Spinoza é severamente crítico não apenas em relação ao Judaísmo como também no que diz respeito à controvérsia entre o Judaísmo e o Cristianismo. A pergunta que ele se formula é se o povo judeu é o “Povo Eleito”.

Obviamente, Spinoza nega a tese pela qual o povo judeu seria o Povo Eleito por Deus, embora admita que mesmo estando dispersos e sem uma nação, os judeus conseguiram existir até o presente. O próprio Spinoza responde de forma categórica: o fato dos judeus terem existido até os dias de hoje (1670) é porque existe antissemitismo, o fato de todos os odiarem. Em outras palavras, o filósofo holandês sustenta que o próprio ódio ao judeu o mantém vivo. Este ódio se deve ao fato de serem seus costumes tão diferentes dos demais costumes.

Eis que chegamos aqui ao ponto central, o tópico que abre um grande debate: o costume do Brith Milá (circuncisão). Para o filósofo Baruch Spinoza este preceito milenar que diferencia judeus de gentios tem um valor relativo.

Os judeus se orgulham em afirmar serem diferentes do resto dos povos. De forma sarcástica Spinoza contesta: “Vejam, por exemplo, os chineses possuem uma trança nas cabeças e sua história tem 10.000 anos. Os judeus se gabam de manterem a circuncisão e de serem o “Povo Eleito”, enquanto os chineses, um povo ainda mais antigo, não vê motivo de orgulho desta tradição milenar”. Sem dúvida, esta postura irônica de Spinoza tem tudo a ver com sua história pessoal, mais precisamente pelo fato de seu avô não haver sido circuncidado em vida.

É possível que com este comentário, Baruch Spinoza esteja exteriorizando toda sua raiva e sua indignação contra uma intransigente liderança da comunidade judaica de Amsterdã que, para enterrar seu avô em um lugar indesejável e o circuncidaram “post mortem”.    

Para entender melhor este episódio é essencial enfatizar que, este tipo de questionamento feito a si mesmo pelo jovem Spinoza, está intimamente ligado a questões que transcendem o campo de sua própria existência, são elucubrações relacionadas com sua identidade; assuntos que permeiam seu pensamento como também norteiam o raciocínio daqueles cristãos novos que se consideravam parte da “Dispersão hispano-portuguesa”.

Viagens às “Terras de Idolatria

Durante o século 17 as viagens realizadas a “Terras de Idolatria”, especialmente a Espanha e Portugal, tal qual fez Henrique Garces, faziam parte complementar da vida socioeconômica dos judeus portugueses. À medida que as comunidades sefaraditas se consolidavam, crescia o impedimento aos judeus de viajarem para a Península Ibérica.

Em Amsterdã, por exemplo, foi legislada uma takaná (regulamentação) em 16 de junho de 1644 (12 de Sivan 5404), pela qual estava terminantemente proibido entrar nas “Terras de Idolatria”, e todo judeu que desrespeitasse e transgredisse esta takaná (comprovando-se que foi e voltou a Amsterdã), teria que ir até a sinagoga e pedir publicamente perdão diante da “Congregação” por haver desobedecido a Sagrada Torá e ao próprio Deus.

Na Takaná da “Congregação hispano-portuguesa” de Amsterdam (fol. 172) está escrito o seguinte:

“Considerando os SSres do Mahamad o gravissimo pecado que he o da ydolatria, pois quen o comete he como se negasse e passasse toda a ley, y assi é obrigado a por a vida antes que encorrer nele. Com tudo não falta quen sem atentar hun tan orendo crime vai a terras donde forçosamente o comete e para dar a ysto algun remédio com parezer dos SSres Hachamin de este KK [Kahal Kadosh] ordenão os senores do Mahamad que qual quer pessoa que doje em diante judeu circuncidado sahir de Judesmo e for a alguma terra de España o Portugal, ou constar que aja ydolatrado em qualquer outra parte, ou que ao presente este fora do Judesmo avendo saído dele, vindo a este KK, não será nele admitido nem se podrá com ele cumprir minian sem que primeiro pessa da teva (Teivá = Arca) publicamente y em Kaal pleno perdão al Dio benditto y sua Santissima Ley com as palavras que os SSres do Mahamad lhe hordenarem, que serão conforme o tempo e calidade de seus delitos, e depois disto athé passar quatro anos de sua vinda não poderá ser chamado a çefre Thorá (Sêfer Torá) nem fazer nenhuâ misua (mitzvá = preceito) no Kaal, aynda que seja em sua asura própria, nem em dito tempo ter nenhun ofiçio nen servir de Hassan (Hazan = Cantor da sinagoga) em nenhua thefilá (oração), e passado dito tempo e avendo cumprido a penitençia que lhe for hordenada por os SSres Hachamin deste KK, com os quais consultara e ynformara a calidade de seus pecados para conforme a eles possão aconselharlhe a penitençia que deve fazer. Avendoa cumprido será admitido a todas as misuot (mitzvot) do Kaal, e não dotro modo y el Dio benditto libre a seu povo de todo mal. Fecto ojee, 12 de Siuan (Sivan)”.

Esta takaná, publicada pelo Prof. Yosef Kaplan em seu artigo “The Travels of Portuguese Jews from Amsterdam to the Lands of Idolatry: (1644-1724)”, p. 206, fica evidente que estes judeus transgressores seriam limitados no que se refere à atuação comunitária, uma vez que não poderiam preencher nenhuma função por espaço de quatro anos e, obviamente, durante o serviço religioso não seriam honrados com nada, sequer convidados a participar da leitura da sagrada Torá.

Por 1655 uma takaná quase idêntica foi legislada na comunidade de Livorno. A única diferença com aquela de Amsterdã residia no número de anos pelo qual o judeu era impedido de exercer cargos. Em Hamburgo esta regulamentação entrará em vigor em 1657 e em Londres em 1677.

Importante destacar que a takaná de Londres tem um teor todo especial, pois nela está escrito que “os judeus que transgrediram viajando até as Terras de Idolatria serão punidos, somente se for comprovado que profanaram à Sagrada Torá”.

Kaplan examinou os quatro volumes de takanot da comunidade “Talmud Torá” de Amsterdã e encontrou 82 judeus que foram punidos por ter ido as “Terras de Idolatria” entre 1644 e 1724. A lista com 82 nomes desses judeus e a data do pedido público de perdão à “Congregação” por suas ações é a seguinte:

  1. Abraham Israel Rodriguez – 15 Heshvan 5405 (1644)
  2. Daniel Thomas – 3 Tevet 5405 (1645)
  3. Selomoh Chamis – 1 Adar 5405 (1645)
  4. David Chamis – 19 Adar 5405 (1645)
  5. Isaac Correa – 20 Sivan 5405 (1645)
  6. Daniel Habilho – 23 Av 5405 (1645)
  7. Isaac Israel Dias – 18 Tamuz 5406 (1646)
  8. David Henriques – 9 Elul 5406 (1646) e 25 Tevet 5417 (1657)
  9. David Navarro – 25 Tevet 5407 (1647)
  10. Jacob Hamis – 22 Elul 5407 (1647)
  11. Abraham Drago – 15 Heshvan 5408 (1647)
  12. Daniel Castiel – 25 Kislev 5408 (1647)
  13. Isaac Israel Alcobasa – 8 Tevet 5408 (1648)
  14. Benjamin Aboab – 28 Av 5408 (1648)
  15. Gabriel Levi do Vale – 21 Tammuz 5409 (1649)
  16. David Henriques (O galego) – 4 Nissan 5410 (1650)
  17. Abraham Franco – 1 Av 5410 (1650)
  18. Jacob Gomes Serra – 3 Av 5410 (1650)
  19. David Peres – 6 Av 5410 (1650)
  20. Abraham Levi Ximenes – 8 Tishrei 5411 (1650)
  21. Isaac de Abraham Bueno – 12 Iyyar 5411 (1651)
  22. Mosseh Machorro de Leon – 7 Tevet 5412 (1651)
  23. David Aboab de Anveres – 1 Shevat 5412 (1652)
  24. Jacob Levi Rezio – 19 Shevat 5413 (1653)
  25. Selomoh Machorro de Leon – 21 Shevat 5413 (1653)
  26. Isaac Lumbroso – 28 Elul 5413 (1653)
  27. Joseph Valverde -7 Shevat 5414 (1654)
  28. Isaac Bueno – 22 Shevat 5414 (1654)
  29. Selomoh Arari – 20 Sivan 5414 (1654)
  30. Jacob Moreno – 29 Shevat 5415 (1655)
  31. Daniel Uziel de Avilar – 18 Hechvan 5416 (1655)
  32. Abraham da Costa – 24 Kislev 5416 (1656)
  33. David Bueno – 22 Shevat 5416 (1656) e 7 Adar 5418 (1658)
  34. Jacob Soeiro – 23 Shevat 5416 (1656)
  35. David Risson – 19 Sivan 5416 (1656)
  36. Abraham Risson – 1 Elul 5416 (1656)
  37. Jacob de Figueroa – 6 Adar 5417 (1657)
  38. Joseph Franco – Entre 6 e 9 de Adar 5417 (1657)
  39. David Cohen Lusena – 6 Tevet 5418 (1657)
  40. Mordochay de Andrade – 10 Tevet 5418 (1657)
  41. Samuel Montezinos – 28 Elul 5418 (1658)
  42. Gabriel Alves – 10 Nissan 5419 (1658)
  43. David Soarez – 19 Heshvan 5419 (1658)
  44. Isaac Pereyra de Venezia – 28 Heshvan 5419 (1658)
  45. Abraham Bueno – 27 Shevat 5419 (1659)
  46. Mosseh Israel do Porto – 12 Iyyar 5419 (1659)
  47. Jacob Sobrinho – 15 Tammuz e 12 Av 5419 (1659)
  48. Isaac Aroyo – 1 Tishrei 5420 (1659)
  49. Jacob Aboab – 15 Heshvan 5421 (1660)
  50. Benjamin Bueno de Mesquita – 20 Heshvan 5423 (1662)
  51. Abraham Bueno de Moura – 9 Tevet 5423 (1662)
  52. Jacob Moreno Monsanto – 17 Nissan 5423 (1663)
  53. David Nunes Ventura – 16 Sivan 5423 (1663)
  54. Isaac Pereira Lopes – 28 Tammuz 5423 (1663)
  55. Samuel Pereira – 24 Kislev 5424 (1663)
  56. Daniel Levi de Barrios – 9 Tishrei 5425 (1664)
  57. Abraham Zuzarte (O mosso) – 8 Adar 5428 (1668)
  58. Isaac Ribeira – 15 Iyyar 5428 (1668)
  59. Isaac Jesurun Spinoza – 29 Kislev 5429 (1668)
  60. Jacob de Simsson de Lima – 22 Tammuz 5434 (1674)
  61. Manoel Moreno – 12 Sivan 5436 (1676)
  62. Abraham Franco Silveira – 28 Kislev 5437 (1676)
  63. Benjamin Penso – 22 Sivan 5455 (1695)
  64. Mosseh Rodrigues Pereira – 8 Nissan 5456 (1696)
  65. Jacob Gomes Lusena – 22 Iyyar 5456 (1696)
  66. Abraham Ximenes Navarro – 3 Sivan 5456 (1696)
  67. Mosseh Gabay Faro de Arão – 7 Tishrei 5447 (1696)
  68. Mosseh Rodrigues – 25 Nissan 5460 (1700)
  69. Jacob Eleão Gedis – 15 Heshvan 5461 (1700)
  70. Semuel Rodriguies de España – 5 Tammuz 5461 (1701)
  71. Mosseh Jesurun – 14 Tammuz 5462 (1702)
  72. Elissa Lindo – 3 Tishrei 5463 (1702)
  73. Abraham Henriques Valentim – 10 Elul 5463 (1703)
  74. Iehuda Compañero – 26 Elul 5463 (1703)
  75. Abraham Francêz – 26 Elul 5463 (1703)
  76. Isaac Franco de Velasco – 15 Elul 5470 (1710)
  77. Jacob de Sola – 2 Tevet 5480 (1719)
  78. Mosseh de Crasto – 1 Elul 5480 (1720)
  79. Immanuel Nunes de Mercado – 6 Kislev 5483 (1722)
  80. Menasseh Rovigo – 14 Kislev e 3 Av 5484 (1724)
  81. Joseph Almeida Henriques – 28 Kislev e 2 Tevet 5485 (1724)
  82. Selomoh Rephael – 28 Kislev e 2 Tevet 5485 (1724)

O perfil destes judeus hispano portugueses é curioso. Contrariando pressuposições, estes judeus que costumavam viajar ao exterior não eram ricos comerciantes nem abastados homens de negócios. Uma boa parte estava composta por judeus marginalizados pelo Mahamad e outra contava em suas fileiras com judeus de condição humilde. Por isso, era muito comum solicitarem ajuda financeira nas comunidades por eles visitadas.

Historicamente, os registros das takanot são lacônicos e não nos fornecem muita informação, mas é justamente através deles que podemos saber se tal o qual judeu se ausentou da cidade de Amsterdã por um período determinado. Basta apenas constatar se fulano ou cicrano que costumavam pagar assiduamente seus impostos, durante alguns anos deixaram de paga-los. É provável que a falta de pagamento seja consequência de eles estarem viajando pela Europa ou por “Terras de Idolatria”.

A saída dos judeus hispano-portugueses para fora de Amsterdã ou de outras comunidades foi um fenômeno frequente no decorrer do século 17. Estas saídas aconteciam geralmente por motivo de negócios, no entanto alguns dos viajantes também aproveitavam estas oportunidades para visitar familiares próximos dispersos pelas diversas comunidades sefaraditas da Europa. Alguns faziam isto contrariando as rígidas diretrizes da liderança comunitária, fato que renderia ao transgressor uma penalização na hora de retornar.

O pedido público de perdão e a negativa de preencher cargos na “Congregação” por espaço de alguns anos foi o caminho encontrado pelo Mahamad para punir portugueses que precisavam sair temporariamente do país em busca de sustento.

Bibliografia

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Kaplan, Yosef, Cristóbal Mendez alias Abraham Franco de Silveyra: the Adventures of a Seventeenth-Century Converso, in: Studies in Jewish History Presented to Yosef Hacker, edited by Y. Ben Naeh, J. Cohen, M. Idel & Y. Kaplan, The Zalman Shazar Center, Jerusalem 2014, pp. 406-440  (Hebrew). Also english version: Cristóbal Mendez, alias Abraham Franco de Silveyra: The Puzzling Saga of a Seventeenth-Century Converso, in: Conversos, Marrani e Nuove Comunità Ebraiche in Età Moderna. Atti del Convegno internazionale di studi organizzato dal Museo Nazionale dell’Ebraismo Italiano e della Shoah (28-29 aprile 2014), edited by Myriam Silvera, Giuntina, Firenze 2015, págs. 19-47.

Kaplan, Yosef, Cristóbal Mendez, aliás Abraham Franco de Silveyra. The Puzzling Saga of a Seventeenth-Century Converso. The Ben Gurion University. Conferência postada no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=2Og0FMD2A1g&t=1838s (Hebrew).

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Kaplan, Yosef, The Strange Burial of Baruch Senior, Baruch Spinoza’s Grandfather. In: Haaretz. Culture and Literature Supplement, Friday, 4 December 2015, pág. 4 (Hebrew).