Shabatai Tzevi na visão de um judeu-converso

Shabatai Tzevi (1626-1676), um dos personagens mais curiosos da história judaica, foi retratado em diversas obras judaicas e não judaicas. Parte destes textos descansa na poeira das bibliotecas e arquivos. Ao vasto material estudado pelo emérito Prof. Guershom Scholem, revelaremos um novo documento do século 17, desta vez escrito por um judeu-converso.

O AUTOR DO TEXTO

No acervo de obras raras da Biblioteca Nacional de Jerusalém, despertou minha curiosidade um texto de 16 páginas, redigido por um converso espanhol do século 17. Esta obra intitulada “Abreviado y devoto assumpto cathólico sacado de la Sagrada escritura contra la ceguedad y engaño de los pérfidos iudíos… Pequeña Historia del Falso Mesías de los judíos (Sabaday Giby) sucedido en la Turquía del año 1666”; escrita por Antonio García Soldani, não aparece nos textos bibliográficos, sendo difícil apurar dados históricos sobre o autor do texto.

Não obstante, nas vezes em que García Soldani é lembrado, os dados colhidos são escassos. As poucas linhas não nos permitem desvendar sua enigmática identidade. Assim, por exemplo, no início do século 18, o estudioso Christian Wolff determinou que “Antônio García Soldani era um eclesiástico de Castela, cujos escritos se opunham ao Cristianismo”. Um rápido olhar pelo texto nos ensina que a afirmação de Wolff não faz sentido, uma vez que o texto “Abreviado y devoto asumpto” sim possibilita extrair dados sobre a verdadeira identidade do tal Soldani. Vejamos os principais argumentos encontrados:

1. Antônio Garcia Soldani não seria um eclesiástico e sim um judeu-converso. Sua data de nascimento é desconhecida, porém tudo indica que ele fazia parte dos 6.000 judeus de origem sefaradita que se estabeleceram em Livorno, em 1663; decidindo por livre e espontânea vontade deixar o Judaísmo.

2. Soldani era um hábil diplomata responsável pelas negociações entre a corte espanhola do rei Carlos II de Hasburgo e agentes políticos e religiosos de outras nações europeias. Reconhecendo seus méritos no desempenho das funções diplomáticas, ele foi agraciado com três selos (carimbos) reais, prêmio de enorme prestígio naqueles tempos. O texto de Soldani foi dedicado ao rei Carlos II da Espanha.

3. Na obra “Abreviado y devoto assumpto” de Garcia Soldani não há data, mas ela deve ter sido escrita em Livorno após 1676. Esta afirmação está sustentada em diversos fatos relacionados à época vivida por Shabatai Tzevi, especialmente episódios dos últimos anos de vida quando Shabatai tinha completado 50 anos, idade avançada naqueles dias.

4. O texto foi escrito e publicado em espanhol e não em italiano ou latim, indicando que Soldani tinha domínio completo deste idioma. O espanhol era a língua predominante entre os conversos hispanos refugiados em Livorno.

5. Os conhecimentos de Soldani sobre Cristianismo não são profundos, utilizando fontes cristãs de forma muito precária. As citações foram extraídas de versículos tradicionais mencionados anteriormente por apóstatas e conversos espanhóis como Abner de Burgos e Alfonso de Valliadolid.

6. Soldani não demonstra domínio das fontes judaicas nem da língua hebraica. Diferente da atitude dos apóstatas, no seu texto não há uma única palavra em caracteres hebraicos, nem versículos bíblicos citados em hebraico.

7. A única palavra hebraica, escrita em caracteres latinos é chachamim no plural; sendo que Soldani, ao referir-se a Shabatai Tzevi, deveria ter usado chacham no singular.

8. O nome do Messias de Esmirna foi escrito em espanhol de forma errônea. Soldani não usa a grafia Shabatai Tzevi (ou Shabetai Sevi / Tzvi), mas Sabaday Giby (Abreviado, págs. 13, 14 e 15).

A IMAGEM DE SHABATAI

Baseando-se em fontes judaicas, o Prof. Guershom Scholem e outros estudiosos do movimento shabataísta coincidem em afirmar que Shabatai Tzevi nasceu em 9 de Av de 1626 em Esmirna, no Império Otomano. É possível que essa data tenha sido “ajustada” ao calendário judaico, pois a tradição estabelece que o Messias apresentarse-á neste dia de luto e jejum pelas destruições dos dois Templos de Jerusalém. As fontes cristãs, por sua parte, não aceitam as judaicas. Na maioria dos textos e documentos escritos pelos cristãos, não se menciona a data de Tishá BeAv de 1626.

Certamente, há um motivo para a exclusão desta data; afinal, existem fortes discrepâncias entre judeus e cristãos acerca do tempo em que chegaria o Messias: judeus do século 17 acreditavam que a redenção do Povo de Israel viria em 40 anos, portanto, em 1666. Já os cristãos dedicaram esforços, tentando distorcer essa contagem judaica para o advento do Messias. É curioso que quase todos os textos cristãos que versam sobre Messias tenham um caráter apocalíptico. Todos foram escritos após 1666, negando Shabatai Tzevi como desejado salvador dos judeus.

Shabatai Tzevi era filho primogênito de Mordechai Tzevi, um modesto comerciante de aves de origem ashquenazita. O patriarca da família teria migrado da Grécia, enriquecendo o suficiente até se converter em agente e intermediário dos comerciantes ingleses e holandeses que atuavam em Esmirna. Garcia Soldani explica que o pai de Shabatai era Mardoqueo Levi, sem citar a cidade grega da qual seria originário. Entretanto, há textos similares em que se menciona como sua pátria a cidade de Patras, Morea ou ainda lugares menores sob domínio turco-otomano.

Os autores pouco se interessaram na educação de Shabatai Tzevi, desconhecendo as marcantes influências pedagógicas dos grandes rabinos Isaac de Albo e Josef Espaça. Essas fontes se limitam somente a afirmar que Shabatai era um talmid chacham (ou seminarista) desde jovem. Um texto italiano elogia suas qualidades proféticas e seu saber cabalístico, afirmando ser detentor de uma vivacidade de espírito pouco comum e aplicado nos estudos cabalísticos. O Prof. Guershom Scholem foi o primeiro autor a destacar aspectos psicológicos no comportamento de Shabatai Tzevi.

Estes assuntos despertaram a atenção dos historiadores, tornando-se o principal alvo de pesquisa nas últimas décadas. Dentre os tópicos psicológicos discutidos, citaremos a relação afetiva de Shabatai Tzevi com sua mãe, os sinais nítidos de sintomas de melancolia e profunda tristeza, frustrações e momentos de euforia e iluminação alternados com momentos de equilíbrio emocional. Soldani ignora qualquer sintoma psicológico presente em Shabatai, acompanhando assim uma tendência constante dos escritos da época.

EUFORIA E ILUMINAÇÕES

Os discípulos de Shabatai Tzevi descreveram a eloquência e a genialidade do mestre, em termos de fortes distúrbios internos e crises psicológicas suscitadas por altos e baixos de melancolia e iluminação. Shabatai teria dificuldades para achar sua homostasis, um equilíbrio físico, mental e emocional.

Numa das mais conhecidas iluminações (alguns falam em alucinações), Shabatai Tzevi desposou Sarah, uma jovem orfã meretriz, encomendada por ele da Itália. Seu casamento teria sido realizado no Cairo em 31 de março de 1664, aos 38 anos. García Soldani não registra nada daquilo relacionado nas fontes judaicas.

Na primeira iluminação registrada pelo converso de Livorno em 1662, Shabatai Tzevi viajava a Jerusalém via Rodes. Ao adentrar a cidade santa, teria postado na sua frente um anjo, solicitando aproximar-se do povo para ser venerado. Em troca dessa veneração , o “Messias de Esmirna” o salvaria da miséria. Isto foi comentado pelo próprio Shabatai e todos nele acreditavam. Esta iluminação aparece em vários textos, dentre eles a “Relation de la veritable Imposture du faux Messie des Juifs”, escrito na França em 1667, e na “Lettera mandata da Constantinopoli a Roma”, publicada em italiano em outubro do mesmo ano.

A segunda iluminação de Garcia Soldani teria sido copiada, quase literalmente, do texto italiano acima citado, a “Lettera mandata de Constantinopoli a Roma”. Nele, Soldani comenta sobre uma jovem donzela de 16 ou 17 anos, muito venerada, da família de Shabatai, que profetizava nos círculos judaicos da cidade de Galata, na Turquia. Ela contava a membros de sua família que o Todo Poderoso se postara diante dela, segurando uma espada resplandecente e prometendo-lhe “coisas fascinantes”, dentre elas a vinda do Messias Shabatai.

EFERVESCÊNCIA SOCIAL E ISLAMIZAÇÃO

Nas pesquisas do Shabataísmo, boa parte dos estudiosos destacam o clima tenso que reinava por volta de 1666, e as condições específicas que contribuíram para o surgimento de uma verdadeira atmosfera de efervescência messiânica justamente naquele ano apocalíptico. Em quase todas as comunidades judaicas, há um enorme interesse em entender a possível aparição do “Messias de Esmirna” como o anunciado redentor do povo. A efervescência messiânica gerada por Shabatai nas comunidades judaicas de Esmirna, Constantinopla, e outros importantes centros do Império Otomano, produziu uma crise nas estruturas comunitárias. Literalmente, no século 17 os judeus começaram a dividir-se entre shabataístas, seguidores do messianismo de Shabatai Tzevi, e anti-shabataístas, ferrenhos opositores à sua vinda, tratando-o como impostor e falsário.

Também entre os moradores não judeus do Império Turco-Otomano esse clima de efervescência messiânica se estendeu. Corriam livremente nas ruas de Constantinopla versos e cânticos dedicados a Shabatai Tzevi. Um deles, inserido no “Romancero Sefaradita” dizia: “Hakamim van airando / detrás del nuestro goel / sisim ribbon de judería, /todos iban detrás de él”.

No Império Otomano era constante a repressão às manifestações e revoltas. A pena de morte era o castigo imposto àqueles que pretendiam atentar contra a calma e a política dos sultões. Três impostores ou falsos redentores atuantes no Império Turco foram perseguidos, inseridos na categoria de insurretos e sentenciados com todo o rigor da lei. Foram eles: Padre Ottomane, Mahomed Bei e Shabatai Tzevi. Estes falsos salvadores aparecem em obra escrita em Londres e traduzida em Hamburgo em 1669.

Os insurretos capturados pelo governo turco estavam sujeitos às rigorosas penas impostas pelas autoridades locais. Em 1666, iniciava-se o ano da redenção messiânica judaica. O dia anunciado para sua aparição seria 15 de Sivan 5437 do calendário judaico, correspondente a 18 de junho de 1666, no calendário gregoriano. García Soldani informa que, naquele dia, “el escándalo que andava em Turquia de quadrillas de judíos que seguian el malvado y embustero Sabaday, era uma cosa espantosa”. Os judeus mais fascinados com a figura de Shabatai doavam obséquios e presentes a serem distribuídos entre donzelas órfãs que casariam. Era uma grande mitzvá (ou preceito judaico) ajudar aquelas moças carentes. O clima de efervescência messiânica se alastrou por todos os cantos do Império Turco. Soldani comenta no seu texto que Shabatai, insatisfeito com a agitação popular, começou a corresponder-se com os líderes das diversas sinagogas fora do Império.

Ao dirigir-se às comunidades, Shabatai Tzevi solicitou dos judeus “alegrarem-se para todos poderem congregar-se em Jerusalém”, tal qual fala a Profecia de Israel. É possível que Soldani conhecesse o teor das cartas remetidas às comunidades por Shabatai, uma vez que essas cartas também haviam chegado à comunidade judaica de Livorno. A efervescência shabataísta havia contagiado a comunidade israelita de Livorno e Soldani acompanhava de perto o cotidiano de sua cidade.

Em correspondência citada por Garcia Soldani, os judeus da Turquia são interrogados por seus correligionários da Itália sobre o porquê de estarem tão alegres e felizes. Os primeiros respondem que “a alegria tem como motivo o fato de o Messias haver chegado e em breve lhe precisarem dar as boas-vindas”. Obviamente, respostas como estas motivaram comunidades inteiras a viajarem até a Turquia, o maior centro de mística e redenção do século 17.

As autoridades turcas não viam com bons olhos a agitação messiânica liderada por Shabatai Tzevi. Como pode um não muçulmano considerar-se um santo, movimentar multidões de fiéis e seguidores e, acima de tudo, fazer proselitismo num país governado por muçulmanos? O sultão e as autoridades não poderiam consentir jamais com uma situação dessas. Assim, no momento em que o mufti (líder em assuntos político-religiosos) descreveu o clima vigente na Turquia como insustentável, o sultão ordenou deter Shabatai e encaminhá-lo ao palácio.

Em 13 de setembro de 1666, Shabatai Tzevi foi levado a Adrianópolis, diante do “Conselho do Reino”, na presença do sultão turco. Os que presenciaram este momento histórico relatam que Shabatai estava totalmente passivo, como se a magia negra o tivesse dominado. A conversão ao Islamismo foi a punição aplicada, e tudo leva a crer que naquele preciso momento Shabatai teria negado suas pretensões messiânicas. Naturalmente, as autoridades presentes não aceitaram suas palavras.

Antônio García Soldani reconstruiu em seu texto o possível diálogo entre Shabatai Tzevi e o sultão turco, articulado em 15 de setembro 1666: Y así entró Sabaday em presencia del Rey, donde estavan muchos sabios, le fue preguntado como se llamava? Respondió que Sabaday Giby. Fuele dicho: Eres tú el Mesías de los Judíos? Habla presto. Respondió: Que sabia bien que no era más que un pobre hombre, y que los judíos le havian hecho perder el juicio y el entendimiento. No es bastante eso, le fue dicho al Sabaday, y para llevar estos escándalos delante, y desengañar al mundo, mira lo que quieres hazer? Porque a[h]ora, aquí en mi presencia te ha de ser cortada la cabeza al instante o que renuncíes a la Ley Mosaica, y te hagas turco. Respondió Sabatay: Pensaré un poco en ello. No hay que pensar más, dixeron los circunstantes… (Soldani, Abreviado).

O resultado de dita audiência é conhecido pelos estudos de Guershom Scholem. Shabatai Tzevi teria levantado seu dedo e declarado que, a partir daquele instante, seria um muslim. Ato seguido colocou na cabeça o tarbusch (chapéu típico dos turcos), recebeu nome muçulmano e ouviu as palavras do sultão: “Agora está tudo em ordem; tudo está andando no caminho da verdade”.

ÚLTIMOS DIAS DE SHABATAI

O judeu-converso Antônio García Soldani encerrou seu texto relatando os últimos dias do falso Messias de Esmirna, agora como muçulmano. O autor nos explica um fato fundamental para poder entender a conversão de Shabatai Tzevi ao Islamismo. Na época, os muçulmanos não recebiam novos fiéis do Judaísmo e. para que um judeu conseguisse entrar na religião de Maomé, precisava primeiramente ser batizado. Este deve ter sido o procedimento aplicado a Shabatai, pouco antes de receber seu novo nome “Agis Mehemet Aga”, que em árabe significa “Ilustre Senhor Maomé”.

Para Soldani, Shabatai Tzevi era um judeu convertido ao Islã muito importante, talvez o mais respeitável do Império Turco-Otomano. Sendo assim, o sultão decretou que fosse nomeado “Portero do Serrallo”(ou porteiro do palácio) outorgando-lhe uma quantia diária de três escudos. Vários seguidores e discípulos do “Messias de Esmirna” se islamizaram, inclusive sua esposa. A mudança de religião teria ocasionado em Shabatai Tzevi uma profunda depressão, segundo aparece em carta dirigida a seu irmão Elias, escrita uma semana depois da islamização. Segundo o historiador Guershom Scholem, Natan de Gaza sequer aparece no texto do converso Garcia Soldani. Talvez tenha sabido da conversão ao Islamismo no início de novembro de 1666.

Nos escritos de Garcia Soldani, há uma clara referência ao significado oculto da história de Shabatai Tzevi para o mundo cristão. Criado nos ensinamentos do Cristianismo, Soldani explica que a maioria dos católicos entende o episódio envolvendo o falso messias como uma profecia que se concretiza. Ele acha também que Shabatai Tzevi representa um dos tantos falsos messias reverenciados pelos judeus após a vinda de Cristo. Para ele, os judeus são incrédulos, cegos e carentes de Providência Divina.

PALAVRAS FINAIS

A obra escrita por Antônio Garcia Soldani é importante por vários motivos:

1. É o primeiro texto escrito em espanhol por um converso apóstata da fé; enquanto outros conversos do século 17 não demonstraram nenhum interesse pelo messianismo e, nem muito menos pelo episódio de Shabatai Tzevi.

2. Não há dúvida de que as poucas páginas escritas por Soldani trazem as principais etapas da história de Shabatai Tzevi, incluindo dados biográficos indispensáveis, duas das três iluminações vivenciadas por Shabatai Tzevi, a efervescência messiânica ocasionada pelo personagem nas diversas comunidades judaicas e, finalmente, a islamização.

3. Diante das numerosas tentativas de comparar Shabatai Tzevi a Cristo, Soldani coloca ante seu leitor os conceitos de falso e verdadeiro messias.

4. Diferente de apóstatas atuantes em comunidades judaicas da Europa Ocidental, Garcia Soldani não sustenta sua versão em informantes. Ele prefere trazer sua própria versão com dados apurados em Livorno.

5. É bastante difícil saber a difusão e repercussão do texto “Abreviado e devoto assumpto” de Garcia Soldani. Certamente, esta obra foi escrita para um público culto, mas não sabemos quem a imprimiu ou quantas cópias foram impressas. A introdução a Carlos II, rei de Espanha, sinaliza um marcado interesse dos círculos reais neste tipo de literatura.

6. O texto do judeu-converso Soldani não foi reimpresso nos países da Europa Ocidental, o que demonstra uma exclusividade em relação ao conteúdo.

7. A obra de Soldani faz parte de uma literatura de apologia cristã focada no messianismo de Shabatai Tzevi. Todos estes textos antijudaicos são tendenciosos e foram escritos no decorrer do século 17, em quase todas as línguas da Europa.

BIBLIOGRAFIA

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SOLDANI, Antônio Garcia, Abreviado y devoto assumpto cathólico sacado de la Sagrada Escritura contra la ceguedad y engaño de los pérfidos Iudíos… Pequeña Historia del Falso Mesías de los Iudíos (Sabaday Giby) sucedido en la Turquía del año 1666.

SCHOLEM, Gershom, Sabbatai Sevi: The Mystical Messiah: 1626-1676, Routledge Kegan Paul, London, 1973.